segunda-feira, agosto 28, 2006

A colonial Hue e a mercantil Hoi An












No centro do pais, por entre a imensidao das praias vietnamitas encontramos estas duas historicas cidades.
Hue foi o primeiro local onde encontramos vestigios da guerra, designadamente na sua colonial cidadela, que foi totalmente destruida pela guerra civil, mas que mantem, apos uma reconstruccao, alguma da sua imperialidade nos templos e pagodas. Foi tambem ai que na companhia da biologa Laura aprendemos um pouco mais sobre o que nos rodeia; assistimos a uma aula para jovens iniciantes ao budismo; e vimos elefantes, animal que no ocidente apenas pode ser encontrado em jardins zoologicos, mas que aqui serve de meio de transporte, devido ao seu possante fisico e envergadura.
O melhor e mais surpreendente ficou guardado para o entardecer, aquando nos refrescavamos com algumas cervejas. Ha cerca de dois anos atras, viajei pela Europa com este mesmo Joao Ulrich e no meio da Romenia, no caminho para Sighishoara, partilhamos uma couchete por 11 horas com um grupo de boemios australianos com os quais jogamos cartas e bebemos raros licores. Qual sera a probabilidade de encontrar, ou mesmo lembrar-mo-nos de algum deles passados estes dois anos? Sinceramente, pensava que seria muito remota, ainda mais no meio do Vietnam. Mas nao!!! O reencontro com um deles aconteceu aqui mesmo, num pequeno restaurante/bar na regiao centro vietnamita. A folia de tal aparato foi imediata prolongando-se pela noite dentro, podendo ser um inequivoco exemplo da persistencia destes aventureiros na conquista deste infindavel globo.
Ja em Hoi An, nao tivemos mais surpresas, presenteando-nos com uma tipica vila mercantil que nas suas estreitas e poeirentas ruas exibe um comercio com uma auto-suficiencia empolgadora, gerando homogeneas condicoes de vida a todos os seus habitantes. Para quem nao gosta do comercio, ha sempre a deliciosa praia.

Fotografias de Mui Ne














Fotografias de Halong Bay



A passividade de Halong Bay, Nha Trang e Mui Ne

Delimitado por um extenso areal, o Vietnam turistico dos dias de hoje, esta centrado na descontraccao das suas praias e na riqueza das suas iguarias.
A 3 horas de Hanoi temos Halong Bay e as milhares de ilhas que a acompanham, cada qual com a sua propria identidade e caracteristico relevo (a fazer lembrar Yangshuo, mas no meio do mar). Fizemos um tour de dois dias, uma noite, a bordo de um luxuoso barco que nos presenteou com invulgares paisagens e uma riquissima gastronomia. Por entre mergulhos, goles de cerveja e conversas com os outros tripulantes, essas 36 horas passaram a correr, sendo apenas abalados pelo esporadico "chicotear" do guia, que nos tratava como mercadoria. Entrar, comer, dormir, disfrutar e sair, este e o lema, pois outros ja estao a espera de ocupar os nossos lugares, neste maravilhoso, mas ultra-turistico local.
Ja a sul do pais encontramos a meca das estancia balneares vietnamitas, Nha Trang. Com uma agua cristalina e o local indicado para explorar a fauna maritima atraves do "snorkeling" ou "scuba diving". Para jovens menos aventureiros, como nos, as praias servem de repouso para os agastados corpos. Com o entardecer, os cafes, restaurantes e bares comecam a compor-se com turistas endinheirados que tentam esquecer a rotina laboral, numas merecidas ferias. Os backpackers, esses desaparecem, pois no dia seguinte ha mais para ver, sentir, conhecer e disfrutar.
Entre Nha Trang e Saigon esta uma das zonas menos explorada pelo turismo neste pais, Mui Ne, onde ainda e possivel ter-se a praia so para nos, sem poluicao e acompanhados apenas pelo leve som da ondulacao. Prenoitamos num simples bungalow, no imaculado areal, a 5Km do centro da vila, num enorme sossego que contrastava com a agitacao dos pescadores em alto mar. Mas nao so para praia serviu esta terreola. Foi nela que saboreei o meu primeiro nascer do sol, num deserto com gigantescas dunas de areia virgem. Tal como foi por la que voltei a tocar numa bola de futebol e me lembrei que os treinadores do clube campeao do Vietanm e da propria seleccao, sao Portugueses!!! Curiosa coincidencia e enorme orgulho para o nosso Bồ Đào Nha.
No final destes dias de contacto profundo com a natureza, voltamos as caoticas cidades, nomedamamente Saigon, mas sempre com a recordacao dos passeios de barco pelas translucidas aguas da Turquia; da vivacidade das praias e bares de Vilamoura; e do sossego e isolamento do Txai.

sábado, agosto 26, 2006

Hanoi Vs Saigon






Num país com 84 milhoes de habitantes, as grandes cidades sao demasiado procuradas, tornando-se quase inabitáveis. O barulho, a poluicao e o caos estao em todas as esquinas.
Apesar de nao ter ficado muito tempo em qualquer uma delas, posso falar-vos das minhas primeiras impressoes e experiencias.
Hanoi, a capital do país, é sufocante. Com as suas estreitas ruas repletas de comerciantes e motos, o perigo de sofrer um acidente é constante. Saigon, por seu lado, é mais ocidentalizada, com longas avenidas, menos buzinas e "cartiers" bem delimitados.
Em ambas a pobreza nao é notória, pois todos desempenham o seu papel na sociedade, mesmo que pequeno, o que lhes permite obter rendimentos para comer e ir vivendo. Assim sendo, a criminalidade e a degradacao humana nao estao a vista.
Em Hanoi, por entre os seus 4 milhoes de habitantes passeamos, nao tendo nada a destacar senao o amplo lago, no seu centro, que permite, por alguns momentos descontrair da pressao de atravessar cada rua. Nao tendo atraccoes turisticas demos por nos a beber cerveja, na companhia das jovens austriacas, pela modica quantia de 0.15 Euros a caneca (Diz-se ser o pais com a cerveja mais barata do Mundo). Nao sera necessario explicar que mais tarde, ja atordoados pela bebida, disfrutei de um belo espectaculo, com Sabido e Zeca a dancar a valsa no meio do caotico transito. Outro aspecto curioso e a dificuldade em encontrar-se um local para jantar depois das 20.30h, os restaurantes como que evaporam, ao contrario das lojas de brinquedos, que inundam a cidade.
Saigon, ou Ho Chi Min City, apesar de ter mais habitantes, 6 milhoes, e mais facil de percorrer e tem uma heranca historica, que apesar de tragica, e fascinante. Falo-vos dos famosos "Cu Chi Tunnels", onde os vietcongos ganharam a guerra aos americanos. Com os seus 200Km de comprimento em redor de Saigon, sao como cidades subterraneas, simples, claustrofobicas, mas eficazes. Um exemplo brutal da inteligencia e engenharia deste "perseguido" povo e de um amor incomensuravel por uma causa, o pais.
Para alem do conflito com os americanos, o Vietnam teve muitas outras guerras com franceses, chineses, japoneses, cambodjanos e principlamente consigo mesmo, sendo ainda notoria, nos dias que correm, a fraccao e rivalidade entre o norte e o sul.
No futuro, recordarei as duas cidades com carinho e um enorme orgulho pela sua populacao, que apesar das dificuldades, tem conseguido ultrapassa-las, sempre com o seu empolgante sorriso.

terça-feira, agosto 22, 2006

Mapa do Sudeste Asiatico


Para permitir um melhor acompanhamento das cronicas.

Vietnam e o regresso ao idioma portugues






















Apesar de embalado pelo luar, mais uma vez nao consegui dormir no autocarro, chegando a fronteira estafado. Apos um lento pequeno-almoco onde fui abordado variadissimas vezes, para comprar/vender livros e moeda, tomo coragem e dirijo-me para o posto fronteirico, abandonando a grandiosa e tocante China.
Para nao variar, tal como tudo neste pais, a saida foi demorada e complicada. Nao sabem o que e Portugal; examinam todos os carimbos meticulosamente; pensam que o passaporte e falso; e acabam a fazer perguntas tontas, como quando e que eu nasci, para testar a minha identidade. Tudo isto para sair do pais, imaginem os formularios que tive de preencher para entrar.
Ja no Vietnam, apanho um autocarro para Sapa, vila encantadora e repleta de tradicoes. Os 38Km da subida da montanha, que deveriam ser feitos em hora e meia, prolongaram-se um pouco mais devido a um desabamento de terras que paralisou a estrada (algo que mais tarde vim a descobrir, acontece todos os dias).
A vila encontra-se sob o Fansipan, maior montanha do Vietnam, o que lhe garante cenarios idilicos, acompanhados pelos coloridos e habituais "terracos de arroz" onde os indigenas trabalham diariamente.
Alugo uma mota e vagueio pelas florais paisagens, ate que o clima me prega uma partida, comecando a chover, o que tornou as estradas lamacentas e perigosas. Apesar do doce sabor das gotas no corpo, nao tenho alternativa senao regressar a vila.
Preparado para abandonar Sapa na manha seguinte, em direccao a Hanoi, onde me encontraria com os meus proximos colegas de viagem, sinto que apesar da condicionante climaterica, usufrui o melhor que podia desta montanhosa regiao. Como mais tarde constatarei, apenas tinha tido o privilegio de a sentir e nao cheirar e conhecer como nos dias seguintes, ja na companhia de Joao Ulrich, Pedro Sabido e Jose Maria Correia de Barros.
Pelas 6.30h da manha de dia 10 de Agosto a minha odisseia e abalada pela entrada em cena destes tres personagens.
Por mais dois dias passeamos de mota pelas suas colinas; nadamos em rios de agua transparente e refrescante; visitamos imponentes cascatas; confraternizamos com as ja conhecidas Rocio e Silvia; fomos ludibriados pelas angelicais, sorridentes e atenciosas criancas da tribo de Cat Cat; e dialogamos horas a fio para voltar a por a conversa em dia.
Acima de tudo, creio que a chegada destes rapazes me permitiu ir mais longe em determinados momentos, como foi a interminavel viagem de 80Km em terra de ninguem, que me deixou no corpo, uma horrenda insolacao. Outras coisas se perdem, como a facilidade de contacto com estranhos, algo que e facilmente colmatado com a constante loucura e boa disposicao de Sabido.