terça-feira, outubro 24, 2006

O país as 7106 ilhas

Com o golpe de Estado na Tailândia o meu itinerário é obrigado a sofrer uma grande alteração. Assim sendo, esqueço Chaing Mai e Bangkok, mudando o meu voo de regresso para Singapura. Quanto aos seis dias que ainda me restam de liberdade, vou passá-los ao único país católico da região, às Filipinas.
Após 4 horas de voo avisto uma terra totalmente desconhecida e na qual não tinha intenções de visitar nesta viagem. As palmeiras abundam, tal como as casas pré-fabricadas e o calor. Estou em Clark, a cerca de duas horas de autocarro da capital Manila, que já me desaconselharam a visitar, mas como não tenho outra alternativa e sou curioso, vou à sua descoberta.
O primeiro contacto com esta gigantesca metrópole não podia estar mais de acordo com todos os relatos até aí escutados. Manila é uma típica cidade sul-americana (diria mesmo igual a Lima), ampla, suja, decrépita e com ruas apinhadas de gente sem nada que fazer com as suas vidas. Ao contrário das outras capitais visitadas nesta viagem, não são as crianças que povoam as nauseabundas ruas, mas sim homens e mulheres que não têm ocupação, restando-lhes como único programa possível a confraternização ao ar livre (apesar da poluição).
Instalo-me num hostel na zona turística onde partilho um quarto com mais sete expatriados, o que me alegra pois haverá certamente muitas histórias para partilhar (só não esperava que uma delas fosse contada por um alemão/japonês embriagado e revoltado com a sociedade, não conseguindo proferir mais de quatro palavras no mesmo contexto).
Não tendo nenhuma atracção turística digna de realce, passeio-me, por dois dias, pelas concorridas ruas e centros comerciais da cidade, onde sou constantemente abordado por sem-abrigos e inóspitos cheiros. Durante este pouco fazer, resolvo visitar a parte antiga da cidade, de seu nome "intramuros", pois foi entre eles que ela se iniciou, em 1571. Naquela zona, as igrejas e o forte mantêm o requinte espanhol e a chama colonial, ao passo que as enumeras escolas dão-lhe um colorido que contrasta com a falta de movimento neste espaço esquecido em termo habitacionais. Ainda assim, o mais espantoso é o entrosamento do campo de golf com esta história, no centro de uma cidade (imaginem-se a jogar, apesar dos 32º, tendo como companhia cúpulas de igrejas, extensas muralhas, uma baía e muitos outros pormenores do século XVI).
Após esta breve fuga da realidade, onde pude ter uma ideia como seriam os velhos tempos, sem barulho, corrupção, discrepâncias sociais e com um dia-a-dia funcional, regresso à caótica Manila, onde tal como todos os outros, continuo a deambular até apanhar o autocarro para o campo.

2 Comments:

Blogger El-Gee said...

gosto destes relatos a posteriori. nao sabia que Manila era tao nojento..mais uma razao para darmos graças por termos esta velhinha Lisboa..!

2:49 da tarde  
Blogger El-Gee said...

Ler: Alex Garland - The Tesseract

11:26 da manhã  

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