sexta-feira, outubro 27, 2006

O regresso à província







Saturado da confusão de Manila procuro um pouco de paz e sossego no norte da ilha, à escassa distância de 10 horas. A viagem, atribulada, foi conseguida num autocarro onde chovia no seu interior (nada de especial, se tivermos em atenção onde estou).
Pela matina finalmente atinjo a pacata vila de Banaue, onde na companhia de três americanos me hospedo num "chalet filipino", recomendado por eles e onde rapidamente tomamos um forte pequeno-almoço de forma a estarmos aptos para a maratona que se se segue.
Satisfeitos, seguimos (com mais duas belgas) numa carrinha pick-up, por entre um asfalto que continha mais buracos que zonas planas, em direcção à 8ª Maravilha do Mundo, que se encontrava a uma hora de Banaue e é constituida por extensos terraços de arroz, preenchidos por alegres indígenas e possantes bois-de-água (que passam a manhã a trabalhar e a tarde a comer, boa vida).
O tempo não podia estar mais em sintonia com o meu bem-estar e satisfação, o sol, perdido na imensidão de um azul celeste, irradia um calor acolhedor que me permite por alguns instantes ignorar o esforço físico a que sou sujeito. As caminhadas a 1200m de altura que no final do dia atingiram a marca dos 12Km deixaram-me de restos, mas concretizado.
Por entre sinuosos terrenos e vistas magníficas, fomos em busca da alvejada cascata, onde aproveitaríamos para nos refrescar e repousar, o problema era encontrá-la, pois em nosso redor, só víamos terraços de arroz e uma densa vegetação nas colinas. Derrotados e abandonados, finalmente avistámos uma jovem rapariga, com os seus treze anos, a quem perguntámos se não gostaria de ser nossa guia para o resto do dia. Após alguns gritos e grunhidos por entre o denso verde, ela pede autorização ao pai, que nunca vimos, acompanhando-nos e dirigindo-nos para as belíssimas cascatas, onde chapinhámos e recuperámos as forças com algumas frutas locais. Depois de bastantes horas de passeio, regressámos ao ponto de partida, sem antes nos deparar-mos com algumas dezenas de crianças (com quem joguei um renhido jogo de badminton) que nos saudavam com a maior das alegrias. Aproveitando a deixa, despedimo-nos da fantástica e tímida guia, que estava visivelmente emocionada com a sua primeira experiência turística.
De regresso à vila e após um duche de água gelada, reunimo-nos novamente para jantar no hostel, onde nos entretemos com as recordações e experiências de cada um. Após o recolher das belgas, invisto num grupo de estudantes de Singapura (todos estrangeiros) que na companhia de umas San Miguel, me dizem querer conquistar o Mundo (económicamente e geográficamente, havia de tudo) até ser hora do recolher obrigatório, quando a vila fica definitivamente sem electricidade.
No dia seguinte, até ser hora do regresso a Manila, passeei-me pela vila, tentando perceber como conseguem aquelas pessoas ali viver, afastadas de tudo e sempre sujeitas a um clima instável, como ocorreu aquando da partida (que seria adiada por duas horas) devido ao dilúvio que se fez sentir.
Serão as paisagens suficientes?