O adeus
De regresso a Manila e apenas com algumas horas de liberdade pela frente, decido ir comprar DVD´s para a Feira da Ladra lá do sítio, que se caracterizava pelo seu interminável comprimento, escassez de turistas e uma peculiar divisão espacial. Deparando-me com dois pólos opostos, não sei por onde começar a vasculhar. No quarteirão católico as senhoras de idade predominavam, essencialmente beatas e comerciantes de vestuário andavam semi-ordenadamente pelas ruas e igrejas. Na terra muçulmana a desordem era total, reinando os DVD´s, os electrodomésticos, um clima de insegurança e constantes trocas de olhares. Para confundir ainda mais a situação, existia também uma pequena comunidade chinesa que se dedicava aos mais diversos ofícios, retendo na memória as lojas velas e um talho chinês.
Conseguindo tudo o que queria, pois já não tinha pretensões de encontrar T-shirts ou calças para o meu tamanho naquelas terras (impossível), regresso ao hostel para fazer o "check-out" final. Ainda antes de apanhar um táxi em direcção ao aeroporto, tenho tempo para doar mais alguma roupa, desta vez serão 6Kg a um senhor necessitado que via frequentemente por aquelas bandas, abandonando assim, de consciência ainda mais tranquila o Sudeste Asiático.
Seguiram-se cerca de 20 horas passadas em aviões, aeroportos e diferentes fusos horários que na companhia de uns filmes, umas garrafas de vinho e uns valliums fizeram todo este sonho desaparecer, despertando definitivamente em Lisboa.
Sem mais palavras para descrever esta fabulosa epopeia,
Luís Lorena