quarta-feira, setembro 13, 2006

A transformação de Vang Vieng










Entre Vientiane e Luang Prabang, principais cidades do Laos, encontramos a Meca dos backpackers no sudeste asiatico, Vang Vieng. Os 200km do trajecto, para a alcancar, foram atribuladamente conseguidos em 6 horas, por entre infindaveis montanhas e poeirentas estradas, nunca ultrapassando os 60km/h no velocimetro.
Hospedamo-nos num practico e bem recente Bungalow a cerca de 500 metros da vila, o que nos permitiu fugir da sua "Friendalizacao" (todos os bares e restaurantes exibem episodios de Friends em varias televisoes para os "happy" clientes) e nos proporcionou preciosas observacoes do rio e do dia-a-dia dos poucos locais que nao se alimentam do turismo.
Nao querendo fugir a minha condicao de turista, assumo as culpas que acarreto, como todos os outros (sendo a Biblia, Lonely Planet o principal culpado) de ter transformado este paraiso (entre outros), num recreio para ocidentais.
Esquecendo este parentesis, que da por certo longas discussoes e nas quais me encontrarei numa posicao de constantes contradicoes, os dois dias que ali ficamos foram aproveitados para fazer o ritual "tubing" pelo rio; explorar cavernas (so fui a uma, enquanto os outros foram a tres ou quatro); e pouco mais, pois a instabilidade metereologica nao mais permitiu.
Gostava de frisar, que apesar das criticas atras feitas, a vila tem um encanto especial, oriundo do cruzamento de cores entre o rio violeta e as verdes "karst limestones", o que gera toda esta exagerada procura/transformacao.

5 Comments:

Blogger El-Gee said...

Os paraísos backpacker transformaram-se numa espécie de "hippie-resorts" dos dias de hoje. Insisindo na (de certa forma, arrogante) vontade de viajar de forma diferente do que considera a "maioria dos turistas", o backpacker de hoje tende a procurar locais alternativos onde não encontre muitos turistas. Mas, como são tantos os backpackers, estes acabam por se encontrar todos em sítios onde - embora de facto não haja outros turistas que não backpackers - estão rodeados de milhares de outros backpackers. Conclusão: as mecas do backpackers não são, hoje, os paraísos de genuinidade cultural que os originam. (Exemplo: San Pedro de Atacama, Chile)

5:34 da tarde  
Blogger El-Gee said...

Já agora (e como sou o unico sobrevivente de entre os comentadores, permito-me fazer um segundo comentário), a minha opiniao sobre o porquê destes hippie-resorts: A grande maioria dos turistas (backpackers incluídos) procura nas suas viagens satisfazer as suas necessidades de prazer, ainda mais do que conhecer propriamente os países. Assim, preferem ir a sítios onde se sintam bem, mesmo que esses sítios nao representem obrigatoriamente a realidade social/cultural de um país.

Surgiu, no entanto, um tipo de viajante low-budget que queria acima de tudo mergulhar na cultura dos países que visitava, contactar com os locais, ser pobre em países pobres..em suma, não procurar apenas o melhor dos países, mas sim o mais verdadeiro que neles existe. Com o passar do tempo, mais e mais pessoas aderiram a esta forma de viajar, até se tornar hoje tao comum como qualquer outra. Deixou de ser original porque, com a massificação, perverte-se o ideal: ou seja, dentro dos backpackers passou a haver todo o tipo de pessoas e de motivações. Backpacker hoje é, apenas, ter uma mochila e nao ter planos. Até já ha backpackers ricos.

Com esta evolução, o backpacker aproximou-se cada vez mais do que tenta nao ser: um membro de uma comunidade gigante. Dentro do universo de backpackers, a maioria deixou de se agarrar aos ideias originais do backpacker, e procura o mesmo que a maioria das pessoas: prazer. As mecas de backpackers, fruto dessa metamorfose, localizam-se precisamente em zonas que dão acesso a actividades turísticas de lazer ou aventura, como o rafting, passeios de BTT, visitas às dunas ou a centros arqueológicos.

A reivindicação básica do backpacker - ser diferente - esvai-se na massificação da cultura backpacker. Os primeiros backpackers austrlianos dos anos 60 já nao reconhecem, com certeza, a cultura que criaram. Só ficou o nome, a mochila e, de vez em quando, a liberdade.

5:57 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

The Beach!

Funda uma comunidade hippie para podermos todos ir para lá viver.

Eu passo por lá de férias com a minha mochila!

7:35 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Só para dar uma palavra de apoio ao sociólogo que nos deixou estas linhas. Obrigado el-gee, as tuas reflexões tocaram-nos a todos, primorosas...

9:09 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ser ou não ser um backpacker rico, não é o problema ,uma vez que pesquisas comprovam que o nível de poder socioeconômico dos backpackers, vai de médio para alto.Toda atividade turística é causadora de impactos e o turismo backpacker mesmo sendo um tipo de turismo alternativo, também não deixa de ser impactante.O que se deve relevar, é o potencial que o backpacker tem para gerar divisas em lugares "perifericos", lugares esses que acabam desfrutando das divisas geradas pelos mochileiros e de alguma meneira promovendo o lado social da atividade turistica.E muito além de gerar de divisas promove o intercambio de culturas e a imersão na realidade local.Claro, que hoje, já há o backpacker que mais se parece o turista de massa e não se importa tanto com essa relação com a comnunidade anfitriã.

2:59 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home