terça-feira, agosto 15, 2006

A hospitalidade de Kunming








Em vez de 24 horas num comboio que seguramente estaria caotico, decido apanhar um voo de duas horas em direccao a Kunming, capital da regiao do Yunnan, conhecida pelas suas minorias etnicas e com uma forte presenca muculmana.
O voo nao poderia ter sido mais caricato. Primeiro, quando me dirijo para o meu lugar, 23A, reparo que alguem ja o ocupa, ao abordar a assistente de bordo, para lhe pedir ajuda, ela olha em redor, em busca de um lugar onde me encaixar, o que nao esta facil, devido a sobrelotacao do voo. Finalmente la encontro um, ao lado de um chines culto, que ja tinha viajado por todo o mundo, hoje em dia vive nos EUA e me falou um pouco sobre o seu pais natal, num bom ingles.
Depois, tenho de criticar, efusivamente, a falta de seguranca neste (e no outro que ja apanhei) voo. As pessoas falam ao telemovel na descolagem; nunca o desligando; ao aterrar desapertam os cintos de seguranca e comecam a correr pelo corredor central; cospem para o chao e tudo isto, perante uma assustadora passividade da tripulacao.
Apesar dos seus 4 milhoes de habitantes, esperava de Kunming, algo como uma vila, ao inves encontrei uma gigantesca cidade, com centros economicos e comerciais em grandes arranha-ceus e uma organizacao notavel.
Como tinha de esperar 3 dias para me darem o Visa para o Vietnam, por ela passeei, chegando ao ponto de ja saber os nomes das suas principais arterias.
Visitei os seus parques, templos, pagodas e restaurantes, dos quais destaco a visita ao templo de Yomanon, onde cerca de 150 pessoas celebravam algo, que a meu ver era uma cerimonia funebre, cantando e rezando com uma intensidade que me tocou. Devo ter por la ficado a observa-los por mais de uma hora.
Ainda mais estranho, foi o rapto a que fui sujeito por um grupo de chineses no Green Lake Park, onde me ofereceram e obrigaram a comer "comida para passaro" enquanto tentavamos comunicar. Devido ao seu limitado ingles, nao passamos do "very nice", "how old are you", etc. Foram duas horas de interaccao com os locais, tirando fotos e sorrindo muito, pois nada mais era possivel. No final ainda queriam que fosse jantar com eles, convite que declinei, pois nunca nos entenderiamos.
A alma desses 3 dias foi seguramente o Camellia Hostel, onde pernoitei e fiz grandes amizades. Na sua sala de estar, estava sempre alguem com quem conversar. Por vezes chegavamos a ser 15 ou mais, de diferentes nacionalidades, tentando fazer-nos entender na lingua dominadora, o ingles. Desde gays, a professores, passando por filosofos, estudantes e comerciais, ou mesmo um japones louco, que viajava a quatro anos e meio. Passei esses dias com essa comunidade, onde aprendi bastante, ri e ate uma festinha de anos fizemos.
Na despedida, quase que verti lagrimas!!!

3 Comments:

Blogger El-Gee said...

passeias 3 dias sozinho..vais a enterros de chineses...comes comida de pássaro..esperas que uma cidade com 4 milhoes de habitantes pareça uma aldeia..fazes festas de anos com professores gays e japoneses loucos..

Luis: ainda és o mesmo?

5:43 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

LORINI!!! Recebemos o postal!! A Pepa quase que também verteu a lágrima!! Beijo grande e despacha-te!

11:49 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Tenho-te a dizer que me senti na obrigação de não almoçar para lêr o teu blog de uma ponta à outra.
Maravilhado...Não só pelas descrições dos sítios por onde tens andado, como pelos programas que tens feito, pela dedicação ao blog mas principalmente pela reacções à tua aventura das pessoas que te lêem...
Não passa um post sem comentário (sem contar com o Sirocco)...

Grande abraço LÚrena e continua

A comida de pássaro é que não me parece ser a melhor ideia..não és própriamente um lutador de sumo com muito para emagrecer...

2:01 da tarde  

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